2009/12/21

(está) Perto


Não chores aos pés do leito onde morro
Se em Ser (eu fui) chama qu’enlutou
As luas se sucedem
E da Primavera de nascer o Outono ceifou

Ontem fui caule verdejante,
da brisa
Neste grão de areia dou minha folha ao Cais de beber
Se vou findar na praia
Podiam certas, as ondas, me vir empurrar

E arrasta-me, ò Dor do Tempo
Que só partindo Homem te vou perceber
As luas se sucedem
E lento, o compasso, não deixa de mim sair

Em despedir-me corto o fio da Laranja
Que foi o Sol onde ceguei
Da Luz em sangue concebida
Jorram mil perfumes
Do ventre onde, Encarnado, nasci

O solo me engole
Por murmúrios prantos que não sabem desfolhar
Mas antes se dissolvem
Quem chora, quem chora? Porquê preces tecer?

Os braços do amado onde ansiei terminar
Se arqueiam, quebrando ramos
E já mais não tenho repulsa em arrefecer...

Se a Terra sabe Amar (e a Mar)
A maresia que provo não me é estranha
O fim é, sobremaneira, Salgado
E, morrendo, escorro para o Sul

Em finando me devolvo
Trespassando atavismos
A quem, de mim, se fizer


O féretro não guarda memória,
De madrugada doença pareceu se esquecer
Que é salubre a vida
Em ciclos e fins do princípio viver.

2 comments:

  1. Escreves muito melhor em português que em inglês. Este texto está mil vezes melhor que a soma de todos os que escreveste em inglês. Mas isto é só a minha singela opinião. ;)
    Para que não me interpretem mal, eu só fiz uma análise comparativa pessoal: o facto de achar que um foi melhor que o outro não implica, necessariamente, que o que é pior seja mau. ;)

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  2. obrigada Maria!
    pessoalmente gosto mais de inglês... mas português tem outro encanto, claro.
    depende dos dias :)
    beijinhos

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