2010/02/16

a semana passada


Os what ifs perseguem-me, e só vivi 80 anos.
O que são 80 anos quando se tem o Mundo, diziam eles em jeito de pergunta (daquelas que não devem jamais ser respondidas)
Pois, para mim, são tudo.
O que é o Tempo?
É o que nos separa dos deuses.
O que é o tempo?
É sabê-lo, e ser mais que cadáver andante que espera a hora de se rever...
Com o Tudo. Não há Tempo. O tempo é o nada e eu sou o Tudo.

Não tenho alma se em mil bocados me parto e retorno à minha essência...
Sou o nada.
Sou um nada errante que, mais que tudo, teme te reencontrar.
Sou o Mar.
E não sei, de dia, o caminho de volta de onde vim.
(não fora um para o de onde for)

Tenho 80 anos de uma perfeição sinestésica e circular que não parece ter chão.
Nem tecto.
Nem horizonte
Nem sentido, para esse efeito, no deserto imenso do teu Amor em modo repeat.

Há algo sacro no tocar de leve do papel e escorrer tinta como quem discorre lágrimas e não pensamentos
(sem corpo, não consigo mais chorar)
E sussurrar-te ao ouvido baixinho as mais indecifráveis histórias de outros tempos
em que não havia Tempo nem História que as enquadrasse
nem saias rodadas, nem flores, nem sofrimento que ultrapassasse um ponto de exclamação

E ser ingénuo como a água era muito mais que Ser

incondicional
(é esta a minha existência, branca como um neologismo de fumo que não se conhece)
e faço cada vez menos sentido
inacabado
como o livro que te dediquei um dia
e não o leste. Pois não?
(in) DENIAL – a etiqueta que hoje te coloquei na testa.

Até amanhã.

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